A decisão de buscar uma moradia assistida para um familiar com deficiência é, para muitas famílias, um passo significativo e, por vezes, desafiador. Além das questões práticas e emocionais envolvidas, há um fator que frequentemente pesa: o julgamento social. A pergunta “O que os outros vão pensar?” ecoa na mente de pais, mães e irmãos, gerando angústia e, por vezes, atrasando uma decisão que poderia ser muito benéfica para todos.

É fundamental entender que essa preocupação não é vazia. Vivemos em uma sociedade ainda permeada por estereótipos e preconceitos em relação à deficiência e à autonomia das pessoas com deficiência. 

Infelizmente, a moradia assistida ainda pode ser erroneamente associada a ideias como “abandono”, “falta de amor” ou incapacidade familiar. 

Essas percepções distorcidas geram um peso invisível sobre as famílias, que já carregam uma carga de cuidado e responsabilidade imensa.

Por que o julgamento dói?

  1. Maternidade/Paternidade Idealizada: a sociedade muitas vezes impõe uma visão idealizada de “mãe” ou “pai” que “dá conta de tudo sozinho”, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Qualquer busca por apoio externo pode ser interpretada como falha ou fraqueza.
  2. Desinformação: a maioria das pessoas desconhece o modelo social da deficiência e os benefícios da moradia assistida. Elas conhecem somente o modelo assistencialista, onde a pessoa com deficiência é vista como eternamente dependente e deve ser “cuidada em casa” a qualquer custo.
  3. Culpa e Estigma: Muitas famílias internalizam a culpa por ter um filho com deficiência e o julgamento externo apenas reforça esse sentimento, adicionando uma camada de estigma à sua decisão.

Desconstruindo o julgamento: a verdade sobre a Moradia Assistida

Na AMAE, e em outros modelos de moradia assistida de qualidade, o que buscamos é exatamente o oposto do abandono: promover o bem-estar, a autonomia e a dignidade.

Como lidar com o julgamento?

  1. Foque no bem-estar do seu familiar: a decisão mais importante é aquela que trará mais benefícios para a pessoa com deficiência e para a dinâmica familiar como um todo. A felicidade e o desenvolvimento do seu familiar são a sua maior resposta.
  2. Informe-se e empodere-se: conheça a fundo o modelo de moradia assistida. Entenda seus benefícios, como funciona, a legislação. Quanto mais você souber, mais segura se sentirá para defender sua escolha.
  3. Compartilhe a sua experiência (se sentir confortável): educar as pessoas ao seu redor é um ato de coragem. Conte sobre os ganhos de autonomia do seu familiar, a melhora na qualidade de vida da família, o ambiente acolhedor.
  4. Crie sua rede de apoio: Conecte-se com outras famílias que já vivem essa realidade. Trocar experiências e perceber que não está sozinho(a) é um grande alívio.
  5. Reconheça seu próprio esforço: A jornada de cuidar de uma pessoa com deficiência é exigente. Buscar apoio não é sinal de falha, mas de sabedoria e responsabilidade.

A escolha pela moradia assistida é um ato de amor e um investimento no futuro. É a certeza de que seu filho(a) continuará crescendo, aprendendo e vivendo com dignidade, cercado de cuidado e respeito, independentemente da sua capacidade de cuidado ao longo da vida. A AMAE está aqui para apoiar e esclarecer, construindo juntos um futuro mais inclusivo e com menos julgamentos.

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